Educação dos Pequenos, Mamães & Papais

Bullying: Uma parte da infância que pode ocorrer em silêncio

À primeira vista, o bullying pode parecer algo bobo, “coisa de criança”, um apelido engraçadinho, uma brincadeira inofensiva… mas esse é um problema sério que afeta emocionalmente milhões de crianças no mundo todo.

Como podemos identificar e ajudar nossos filhos? Parece que essas atitudes agressivas estão se tornando cada vez mais comuns com a força da internet, concordam?

Leiam o post de hoje com texto importantíssimo da nossa super parceira e psicoterapeuta de crianças e adolescentes, Mônica Pessanha.

Abusive words hurt

“Meu coração batia forte todas às vezes que ela chegava em casa com os olhos chorosos porque o bullying já não era mais novidade, mas se tornara rotina na vida da minha filha.”
*Olivia, mãe da Vic.

O bullying entrou para o caderninho das preocupações maternas e tem deixado muitas mães com o coração apertado, ora porque seu filho é vítima ora porque seu filho é agressor. Sim mãe, se a criança não é vítima ela pode ser agressora ou espectadora.

O bullying preocupa porque a intimidação traz ansiedade, tristeza e medo. Ele é mesquinho e sem sentido, mas é infelizmente, uma parte da infância que pode ocorrer em silêncio e secretamente, ou pode fazer parte de um grupo bem aberto.

O aspecto principal do bullying é que afeta emocional e psicologicamente as crianças. Ele ocorre em qualquer lugar, como parquinhos, peruas escolares, salas de aulas, lanchonetes, banheiros entre outros e, infelizmente, quase nunca há um adulto supervisionando esses lugares.

No caso da Vic o parquinho era o local que mais trazia medo, embora ela quisesse brincar na hora do lanche, sempre sentia que devia ficar na sala de aula para que não fosse incomodada por sua colega de escola. Infelizmente Vic sofreu por um bom período e nesse período ela ouvia coisas como: “você nunca vai ser ninguém”, “você é gorda”, “ninguém gosta de você”, “você é um fantasma, “ninguém te vê”, “ se não comprar bala para mim, não vai brincar”…

Essas frases intimidadoras transformam qualquer criança em um ser ainda mais frágil. A criança se vê da forma em que os outros a veem, por isso costuma ter a autoestima rebaixada. Crianças que passam pela experiência do bullying tem uma tendência a torna-se emocionalmente retraídas, levando-a a um mundo de tristeza e solidão.

As mães devem ficar atentas aos sinais, que muitas vezes são imperceptíveis no início e quase sempre a criança não conta o que está acontecendo porque sente que pode resolver o problema sozinha ou podem estar sendo intimidadas a não contar. Mas segredos dolorosos costumam pesar com o tempo e ela pode começa a mostrar que há algo errado com ela, como por exemplo, costumam reclamar de dores de cabeça e abdominais, problemas para dormir ou comer e perda do ânimo para atividades físicas. Essas queixas são frutos do turbilhão de emoções que sentem.

Não é fácil identificar essas queixas como sintomas de sofrimento emocional, mas um olhar mais observador pode ajudar muito. E cada mãe conhece seu filho; todas têm em suas bolinhas de cristal, o poder de identificar o motivo do choro: se é fome ou dor.

Vale pontuar sobre o filho agressor também, ele quase sempre é manipulador e agressivo com os próprios pais e tem uma dificuldade de se colocar no lugar do outro. E em alguns casos as crianças que são maltratadas também são provocadores e demonstram muitos dos mesmos comportamentos, ora são vilões, ora são vítimas.

Infelizmente parte do problema vem do tempo em que o bullying era tolerável livremente e para combatê-lo é importante que os pais se coloquem em ambas situações, de pais vilões e vítimas e encarar o problema como uma coisa séria e não apenas como coisa de criança.

Coisas de crianças os levam ao caminho da alegria e não da tristeza e nem a sentimento de menos valia. É verdade que crianças entram em conflitos, que brigam, mas geralmente esse conflito tem a ver com a busca de autonomia e independência. Às vezes, é bastante difícil educar nossos filhos, mas os pais devem ajudar os filhos a adquiram habilidades sobre seus próprios comportamentos diante dos outros, sendo vítimas ou agressores, assim saberão quando devem recorrer aos adultos e quando poderão resolver os seus próprios problemas com os colegas.

Sinais de que seu filho está sendo intimidado:

  • Não pede para ir ao banheiro na escola. Os valentões costumam atacar no banheiro, longe de câmeras e adultos.
  • Evitam atividades sem supervisão de adultos.
  • Ficam chateados depois de uma mensagem pelos canais midiáticos, como por exemplo: whatsapp ou e-mail.
  • Não convida amigos para vir em casa e evita sair de casa. Passam mais tempo sozinhos em seus quartos.
  • Começam a falar de si mesmo de forma muito negativa.

 

Como os pais podem ajudar:

  • Ouça o que seu filho tem a dizer: ser um bom ouvinte é fundamental para compreender o que está acontecendo. Tente ser empático, mas neutro enquanto ele estiver falando. Pergunte o que você pode fazer para ajudar e deixe ele trazer ideias.
  • Se você passou por uma experiência parecida na infância, tente não passar de forma negativa o que lhe aconteceu, diga que passou por isso e mostre como resolveu o problema, diga o que funcionou.
  • Evite falar mal da criança que está agredindo. Em vez disso, respire fundo e pense no que você pode fazer para ajudar seu filho a lidar com o que ele está enfrentando.
  • Ensine seu filho sobre como reagir. No geral, “valentões” aproveitam de crianças boazinhas e que ficam chateadas facilmente por que levam a sério as provocações. Pratiquem em casa com as crianças como elas podem se distanciarem destas provocações, como por exemplo ajudá-la a falar com o professor sobre o que está acontecendo. Ensine o que significa intimidação, para que ele saiba diferenciar intimidação de brincadeiras.
  • Evidencie para seu filho o que ele tem de bom, ajude-o a se sentir bem com si mesmo, ajude-o a desenvolver uma habilidade esportiva ou musical para elevar a autoestima.

A grande lição que a criança que sofre com o bullying irá aprender é que nossas dificuldades não têm um fim em um passe de mágica, que às vezes o processo é longo e doloroso e que, embora ele não tenha controle sobre o que os outros vão falar sobre ele, ele tem controle de como pode reagir e sentir.

 

Mônica Pessanha é psicoterapeuta de crianças e adolescentes, mãe da Mel, uma menina que adora desenhar, mantenedora das BRINCADEIRAS AFETIVAS (Oficina terapêutica entre mães e filhos(as)) – www.facebook.com/brincadeirasafetivas
Atende no Morumbi – SP – monicatpessanha@hotmail.com / (11)986430054 e (11)37215430

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