Será que estamos conseguindo aproveitar os benefícios da internet para os nossos filhos ao mesmo tempo em que minimizamos os riscos? Que tipo de pais vocês são? Pais espiões, Pais Zagueiros, Pais guarda-costas ou Pais semeadores? Nossos filhos estão nascendo em uma época bem diferente da nossa em termos de recursos digitais e temos que ter atenção né…
Vejam que interessante essa pesquisa da Chico.net em parceria com a Disney que levantou diferentes comportamentos dos pais em relação ao uso da internet pelos filhos, de acordo com uma análise feita no Brasil, Argentina e México.
Foram identificados quatro perfis de comportamentos. Cada um com diferentes capacidades de diagnóstico, prevenção e intervenção.
Pais espiões: Este perfil executa um modelo autoritário e de restrição, pouco permeável ao diálogo e ao debate, e não hesita em violar a intimidade dos filhos, amparado no discurso “faço pelo seu bem”. O estudo quantitativo aponta que aproximadamente 1 de cada 10 pais não estabelecem regras explícitas para os filhos, mas depois revisa o histórico ou lê os chats salvos. Esta prática de “espiar” afeta um grande número de crianças e adolescentes, deixando sequelas em sua subjetividade, na noção de privacidade por exemplo.
Não apenas revisa sem que o filho saiba, mas também usa a informação para reforçar a Intimidação. Conforme a Red Papaz – organização colombiana de pais e mães, sem fins lucrativos – “algumas consequências deste estilo autoritário são: filhos medrosos, retraídos e ansiosos, ou que aprendem que a melhor maneira de conseguir o que querem é se impondo e/ou agredindo os outros. O círculo vicioso fica, assim, consolidado: pais que reforçam os controles, filhos que se esforçam para escapar desse olhar”. É assim que um pai espião alimenta um círculo vicioso de baixa confiança que conduz a um risco maior, já que, com medo do castigo, os filhos provavelmente esconderão mais coisas.
Pais Zagueiros: Este perfil descreve os pais que reconhecem seus medos, que são superprotetores com seus filhos e que assumem que as crianças são inocentes, ingênuas e, por isso, vulneráveis. Portanto, assumem que devem controlar cada passo da criança em seus dispositivos, muitas vezes inibindo-os. Este perfil de pai pode ser um obstáculo no desenvolvimento da autoestima e dos mecanismos internos de autopreservação dos filhos, tanto na vida “real” (off-line) como no mundo “virtual”(on-line).
Pais guarda-costas: são o terceiro perfil mapeado pelo estudo. Neste perfil, os pais gostam de ser considerados “amigos” de seus filhos. O pai guarda-costas tenta controlar de maneira discreta, sem “pressionar abertamente”, mais por medo de gerar atritos com os filhos que pela intenção de “não incomodar”. Na verdade, é difícil impor uma autoridade e colocar limites, pois eles arriscam a relação de “amizade” que tentam construir, onde se sentem mais confortáveis. A lógica subjacente a este discurso é acreditar que “evitar dizer que não” é uma maneira de mostrar carinho. As permissões acabam dependendo do humor ou a agenda dos adultos (especialmente entre os pais já experientes, cuja rotina é mais complexa conforme a quantidade de filhos). Isso não ajuda a fixar e interiorizar normas estáveis, razoáveis e previsíveis. O mais arriscado em não dizer NÃO é que os filhos também podem não desenvolver essa capacidade ao receber pedidos insensatos ou perigosos de estranhos, tanto nas experiências on-line como off-line.
Pais semeadores: que admitem e assumem que existe um ”desajuste normal” entre gerações, que não supõe uma renúncia de seu papel de adulto. Não pretende ser cúmplice nem amigo de seus filhos, mas sim estar presente e agir de corpo e alma quando for necessário. Uma das principais características do semeador é a paciência, e procura ”semear” desde cedo em vez de reagir e “arrancar” a erva daninha. Entende que, se as coisas vão bem, seu discurso gera uma “voz protetora interior” na consciência dos filhos. O pai semeador respeita a privacidade de seus filhos, o que não implica em se desligar do estado emocional de seus filhos. Ao contrário, significa ter lucidez ao ler os sinais de alerta das crianças e ameaças ao redor e intervir de maneira oportuna e adequada, com sensibilidade e empatia.
Embora não pretenda saber mais sobre tecnologia que os filhos, o pai semeador estabelece uma relação amistosa com os dispositivos. Quando entende que é necessário limitar o uso, não o faz como um “castigo” nem sob ameaça, mas sim tenta oferecer um plano de “superação”. Os dados quantitativos são, neste sentido, animadores: para que os filhos se desconectem, os pais propõem atividades ao ar livre que envolvam as crianças. O destaque vai para os pais argentinos e mexicanos, com menor relevância entre brasileiros (Argentina: 53%; Brasil: 17% e México: 47%). Com uma intensidade um pouco menor, são propostas outras atividades como maneira de dissuadi-los: artes, desenho e música (Argentina: 51%; Brasil: 30% e México: 42%). Fazer uma atividade em conjunto (pais e filhos) é um elemento mencionado por 42% na Argentina, 43% no Brasil e 39% no México.
Os filhos e filhas do pai semeador mantêm com eles um laço de confiança e tendem a contar as coisas que incomodam ou preocupam, on e off-line, o que aumenta a capacidade de autopreservação da criança.
Fonte: Pesquisa aplicada pela consultoria Trendsity por iniciativa da Chicos.net e da Disney em relação à Cidadania Digital – estudo Impacto da tecnologia na vida de crianças na América Latina.
Fica a reflexão para melhor utilizarmos os recursos e seus reais benefícios! O que acham? Que tipo de pais vocês são?