Já ouviu falar em Icterícia? Essa doença de nome esquisito é muito comum em recém-nascidos e deixa muitos pais assustados quando descobrem.
Logo nos primeiros dias de vida, cerca de 60% dos bebês que nascem saudáveis (e no tempo certo) e 80% dos recém-nascidos prematuros apresentam um tom amarelo-alaranjado na pele e nos olhos. É a chamada Icterícia neonatal, uma doença benigna que não apresenta maiores riscos desde que identificada e tratada precocemente. Se isso acontecer, a primeira medida é não se apavorar e falar com o seu pediatra.
Como a Icterícia é um assunto que sempre recebemos muitas dúvidas aqui no blog, a nossa parceira pediatra Dra. Danielle Negri preparou esse post super importante explicando tudo. Confiram!
A Icterícia aparece devido ao rompimento de células vermelhas no sangue que liberam a hemoglobina. Essa hemoglobina irá se transformar em bilirrubina. A bilirrubina é transportada e metabolizada no fígado para em seguida ser excretada nas fezes e na urina. Quando esse processo não ocorre adequadamente, o acúmulo de bilirrubina no sangue deixa a pele amarelada.
Na grande maioria dos casos, a icterícia desaparece espontaneamente. Após os três primeiros dias de vida o leite desce, o bebê passa a mamar um maior volume desse leite que antes era só colostro e, portanto, menor quantidade e, com isso, passa também a excretar com maior frequência a bilirrubina diminuindo, assim, os níveis sanguíneos.
A icterícia aparece em torno do segundo a terceiro dia de vida e pode durar de sete a dez dias. No caso dos prematuros, esses níveis podem ser mais altos e prolongados.
Existem causas mais sérias e mais importantes de icterícia como incompatibilidade Rh, doenças congênitas metabólicas e infecciosas e infecção urinária. Contudo, essas formas são mais raras e o aparecimento é mais tardio. Quando elas surgem, deve-se fazer uma investigação diagnóstica mais detalhada para tratamento precoce o que melhora muito o prognóstico da doença.
O diagnóstico inicial da icterícia é clínico. Ela progride de forma crânio-caudal, ou seja, se inicia na cabeça e vai descendo para os pés. Quando o bebê fica muito ictérico, porém, é necessária a leitura da bilirrubina com o bilirrubinômetro transcutâneo, um equipamento que, colocado na testa da criança, faz a leitura do nível de bilirrubina sem a necessidade de coleta de sangue. Todavia, vale ressaltar que somente pelo sangue é possível determinar com exatidão o nível de bilirrubina.
Quando os níveis estão abaixo do valor mínimo para tratamento hospitalar com fototerapia, orienta-se o banho de sol em casa só de fralda por 15 minutinhos. Porém, se o médico considerar que a icterícia não vai desaparecer espontaneamente, existe a possibilidade da fototerapia, o popular banho de luz. O bebê fica internado na maternidade e é colocado num berço sob lâmpadas especiais que irão alterar a molécula de bilirrubina ajudando a diluir e eliminar o pigmento pelas fezes e pela urina. O tempo de fototerapia depende no grau de icterícia e nível de bilirrubina no sangue. Mas em geral, dura um ou dois dias.
O processo não muda a rotina de amamentação e de cuidados com o bebê. Entretanto pode acontecer de a mãe ter alta da maternidade antes do filho, o que geralmente causa angústia e expectativa. É um processo difícil, mas necessário porque, apesar de ser uma circunstância muito simples, se não for bem cuidada, a icterícia pode se agravar e causar sérios danos, como impregnar o sistema nervoso central e causar uma encefalopatia. Além disso, no futuro a criança pode vir a sofrer de algumas complicações, como anemia falciforme. Por isso, é fundamental que o bebê continue a ter o acompanhamento médico mesmo depois de ir para casa.
Dra. Danielle Negri é Pediatra/Neonatologista – Médica Supervisora UTI Neonatal Perinatal Barra
Consultório – (21) 2512-8409
daninegri@perinatal.com.br – www.daniellenegri.com.br