A mordida é uma das maiores preocupações dos pais com filhos em creches e escolas. Ninguém gosta de ver aquelas marcas doloridas na pele de seu filho. Mas, como pode acontecer com qualquer um, é preciso entender o que isto significa.
Vejam explicações super importantes da psicóloga Mariana Pierotti e da psicopedagoga Heloisa Erlanger sobre como lidar com essa difícil fase das mordidas.
Em primeiro lugar, é importante considerar que, para a criança, a mordida não tem nenhum caráter de agressividade, nem maldade, como pode parecer para um adulto, ela é apenas uma forma da criança se expressar.
Desde que o bebê nasce, é, principalmente, pela boca que ele percebe o mundo e vai descobrindo as sensações e os movimentos. Nesta fase, ele experimenta os limites do próprio corpo, começa a
buscar compreender onde o seu acaba e inicia o do outro.
Os dentes estão nascendo e a boca, desde sempre, é o local de preferência dos bebês para suas experimentações. Além de mamar, os primeiros sons (balbucios) e o choro são expressões típicas
dessa faixa etária, todas envolvendo essa região do corpinho do bebê.
Com o crescimento, morder passa a ser, além de uma forma de se comunicar, uma maneira de testar a textura de objetos e de interagir com o mundo e com aqueles que o cercam. Os pequenos, que, ainda, não dominam, totalmente, a linguagem verbal, podem utilizar a mordida para expressar descontentamento, ansiedade ou para disputar objetos com os amigos e chamar a atenção de quem está perto.
Quase todas as crianças até três anos de idade irão usar esse recurso em algum momento de interação com outros bebês e crianças. Mas, para compreender as mordidas, é preciso considerar o contexto em que acontecem. Elas podem tanto estar associadas a sentimentos como:
-Ansiedade;
-Frustração;
-Ciúme;
como também
-Amor;
-Carinho.
Em muitas ocasiões, a mordida pode ter começado como uma troca afetiva positiva, por exemplo de um beijo para demonstrar apreço por um amigo e terminar sendo uma mordida, pois a criança, ainda, não tem o controle consolidado sobre suas ações, assim como, não desenvolveu a capacidade de compreensão das consequências de suas atitudes nem a empatia para saber se colocar no lugar
do amigo.
Estes sentimentos são sofisticados e serão adquiridos conforme as crianças vão crescendo e amadurecendo. Lembramos que o aparelho psíquico se constrói ao longo da vida, especialmente até os seis anos de idade. O cérebro, também, está em pleno desenvolvimento.
Quando as expressões corporais passam a ser acompanhadas das verbais, as mordidas tendem a diminuir até que cessam. Por isto, diz-se que é uma fase e que vai passar, porque de fato é o que
ocorre na maioria das vezes.
É muito importante a atitude dos adultos. Não se deve estigmatizar a criança de mordedora, isso só iria colaborar para que ela repita a mordida. O ideal é encarar com calma e naturalidade e ajudar a criança a refletir sobre o que ela fez, como? Mostrando que morder causa dor no outro, que machuca e ensinar que existem outras formas de expressar seus sentimentos.
Destacamos que, através de acontecimentos como a mordida (dando ou recebendo), as crianças vão aprendendo as habilidades sociais. Começam a entender, aos poucos, que há consequências sobre
as atitudes que tomam, que o que ocorre influencia nos sentimentos dos outros e, ainda, aprendem, com o passar do tempo, a pensar antes de agir. Quando pequenas, as crianças agem sem refletir,
apenas por impulso. Isto vai sendo alterado com a evolução da qualidade das interações, sempre, mediadas por adultos, que vão lhes ensinando sobre o mundo e seus valores.
Fase bem difícil essa…
Precisa-se ter muita paciência e amor!
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