Vamos falar sobre esgotamento materno? Não é um cansaço materno não, vai além, é esgotamento mesmo, exaustão, tristeza: é a síndrome de Burnout.
Essa condição antigamente era ligada apenas ao lado profissional das pessoas, um esgotamento emocional que acontece de tanto trabalhar. Mas há alguns anos essa abordagem também começou a ser olhada e estudada pelo lado da maternidade.
Leiam esse texto super importante escrito pela nossa parceira e psicoterapeuta infantil Mônica Pessanha sobre esse esgotamento materno. Vale a pena ler!
Quem é que não gosta de uma boa história? Eu adoro! Sobretudo aquelas que envolvem mitologia. Bem, como psicanalista não podia ser diferente, afinal Freud apropriou-se da história mitológica de Édipo para desenvolver parte de sua teoria sobre nosso desenvolvimento psíquico. Entre as histórias mitológicas, a que mais gosto é a de Atlas.
Na mitologia grega, Atlas se juntou a outros Titãs com a finalidade de conseguir o poder supremo do mundo. A ideia era atacar o Olimpo, travando um combate com Zeus e todos os seus defensores que representavam as forças do cosmo e da ordem. Atlas e seus companheiros perderam a batalha. Uma vez derrotados, todos os que lutaram contra Zeus receberam dele uma punição, a de Atlas foi a de sustentar sobre suas costas e ombros o peso dos céus.
Utilizo essa história não para falar de mitologia, mas do sentimento que muitas mães têm: o de estar sustentando o mundo em suas costas e ombros. Com tantas tarefas diferentes: de levar os filhos na escola a ajudar uma amiga em apuros; passando, muitas vezes, pela dupla jornada é fácil ser tomada por esse sentimento. Quando isso acontece, parece que a vida vai perdendo sua graça, ficando menos divertida. Cada dia parece uma esteira sem fim de muito para fazer com o tempo cada vez mais escasso. Essa mãe ama profundamente sua família, mas em seu coração, ela se pergunta se o que ela está fazendo realmente faz alguma diferença.
Talvez você não saiba, mas esse sentimento tem um nome: Burnout. No bom português: esgotamento!
Geralmente associa-se a síndrome de Burnout apenas às pessoas que enfrentam pressões no mercado de trabalho, o que não é verdade. O Burnout pode ser definido como uma perda de entusiasmo, energia, idealismo, perspectiva e propósito. É um estado de exaustão total – física, mental e espiritual – provocada por um estresse implacável. Muitas mães demoram a admitir que estão esgotadas porque associam o esgotamento a fracasso.
Admitir que você está esgotada não significa que você falhou.
Pelo contrário, muitas vezes são as mães que mais se importam, aquelas que têm mais tendência a se esgotar. Esse esgotamento deriva de vários fatores: expectativas irrealistas, perfeccionismo, mensagens culturais que nos bombardeiam por meio da mídia, sobretudo as que se referem a produtividade.
Essa situação pode parecer desesperadora, mas não é. Há uma luz no fim do túnel e vou sugerir algumas coisas que poderá ajudá-la tanto a evitar entrar nesse quadro quanto a sair dele.
1- Procure ajuda de um especialista, se julgar necessário: se você sente que as coisas estão muito difíceis. Se você tem com uma boa frequência sentimentos de inadequação, cansaço excessivo, desânimo. Talvez seja prudente buscar a ajuda de um especialista: psiquiatra ou psicólogo. Importante não negar as evidências.
2-Cuide-se! Aqui vale a máxima das orientações emergenciais que recebemos durante o voo: primeiro coloque a máscara de oxigênio em você e só depois no outro. Tente reservar um tempo para você. Pode ser algo simples, como o seu momento para o lanche da tarde. Desde que esse momento seja apenas seu.
3-Recalibre suas expectativas. Expectativas ou ideais muito elevados geram frustração e estresse porque são difíceis de ser atingidos. Em termos de maternidade, preocupe-se em ser uma mãe suficiente. A mãe suficiente é aquela que não deixa o copo, metaforicamente falando, ficar vazio nem transbordar. Em termos práticos, você não precisa responder a cada demanda de seus filhos. Será que você precisa intermediar cada conflito deles?
4-Aprenda a dizer não: Dizer não para algumas pessoas é algo extremamente difícil. Aos poucos elas vão absorvendo cada vez mais demanda dos outros. Essas pequenas demandas acabam nos atingindo negativamente. Não é porque você consegue fazer algo, que tem que fazê-lo. Quando começar a dizer não para as coisas que você não quer fazer ou que sente que não deve fazer, você se sentirá mais aliviada.
Também chegará a conclusão de que o mundo continua girando, que seus filhos, seu companheiro e amigos continuam te amando porque não tenta mais alguém que tentar carregar o mundo nas costas para agradar os outros.
Mônica Pessanha é psicoterapeuta de crianças e adolescentes, mãe da Mel, uma menina que adora desenhar, mantenedora das BRINCADEIRAS AFETIVAS (Oficina terapêutica entre mães e filhos(as)) – www.facebook.com/brincadeirasafetivas
Atende no Morumbi – SP – monicatpessanha@hotmail.com / (11)986430054 e (11)37215430