Bebês, Educação dos Pequenos, Mamães & Papais, Saúde

Você dá autonomia para o seu filho?

Como você incentiva a autonomia do seu filho? Um estudo canadense, realizado na Universidade de Montreal, com 78 mães e suas crianças, mostrou que bebês que são estimulados a realizar atividades sozinhos podem ter um maior desenvolvimento cognitivo.

Baby boy playing with stacking learning toy

Liderado pela pesquisadora Célia Matte-Gagné, a pesquisa foi realizada a partir de visitas quando a criança tinha 15 meses e depois, ao completar 3 anos.

Na primeira visita os pesquisadores levaram jogos com desafios, observaram e filmaram o comportamento das mães, analisando como incentivavam a autonomia dos bebês, se encorajavam eles e se respeitavam o  tempo deles.

Aos 3 anos, os pesquisadores avaliaram por meio de jogos adaptados, a força da memória de trabalho e da capacidade de pensar sobre vários conceitos simultaneamente. No resultado final as crianças que tiveram melhores pontuações tinham mães que ofereciam um suporte mais consistente ao desenvolvimento de sua autonomia.

Esse é um processo gradual, que deve ser realizado a partir de conquistas do seu filho. Claro que devemos sempre estar ao lado dos deles orientando e ajudando no que for preciso, mas de acordo com os especialistas é extremamente importante ensinar e deixar que as crianças tentem resolver questões e situações sozinhas.

Conversamos sobre o tema com a nossa parceira, a psicoterapeuta Mônica Pessanha, e ela reforçou que a promoção da autonomia ajuda a desenvolver as habilidades necessárias para quando os pais não estiverem por perto, algo que para os pais pode também ser desafiador. Mas lembrou que dar autonomia não significa ser permissivo, significa ter paciência para ajudar as bebês e crianças a explorarem livremente os limites de suas habilidades.

Vejam algumas atitudes (exageradas) dos pais que prejudicam na hora de dar autonomia:

  • Superproteger a criança;
  • Repetir instruções para execução de determinada tarefa;
  • Escolher as atividades extracurriculares dos filhos, sem nenhuma participação deles.
  • Dificuldade de deixar que a criança execute seus próprios trabalhos escolares.
  • Ter a tendência de resolver os problemas/conflitos entre seus filhos;
  • Preocupar- se demasiadamente quando o seu filho está longe deles.

 

Ela levantou ainda 6 dicas para os pais ajudarem seus bebês e crianças a desenvolverem autonomia:

1 – Deixe-os brincar 

A Brincadeira é uma parte importante da infância. Ela não é um mero passatempo, brincar ajuda no desenvolvimento das crianças, possibilitando uma descoberta de seus limites, além de desenvolver processos de socialização e descoberta do mundo. Brincando a criança aprende a resolver seus próprios problemas, desenvolvem  a criatividade, as habilidades emocionais, intelectuais e sociais e sem que se perceba, favorece um aprendizado leve e natural.  Os pais podem permitir que os filhos brinquem com objetos que estimulem a imaginação e traga a sensação de autonomia, pois ser autônoma requer um viver criativo. E no brincar a criança irá expressar seus interesses e seus sentimentos, atravessando uma ponte entre o real e o imaginário. Deixe-os brincar com panelas, potes, caixas, baldes, vassouras, lençóis, talheres de madeira, caixas vazias de remédios, etc. Esses objetos podem servir para brincar de mãe e filhinhas, super-heróis, de mercadinho, comidinhas. Brincadeiras que representam a autonomia da vida adulta.

2 – Diversão através de desafios

Um desafio é sempre encarado pelas crianças como diversão. A possibilidade de experimentar algo novo, traz para as criança uma sensação de superação e auto confiança. Aprender a amarrar os sapatos é um ótimo exemplo de superação. Essa habilidade requer maturação neurológica, por isso a criança com 5 anos já pode fazer isso sozinha. Outro desafio incrível que os pais podem fazer para ajudar a criança a desenvolver autonomia é deixá-la servir água ou leite, sem derramar. Assim como comer com garfo e faca e memorizar o telefone dos pais. É importante ter paciência e insistir na repetição, pois não será de primeira que a criança acertará. Autonomia é um processo aprendido!

3 – Estabelecer algo para eles cuidarem

Pode ser uma planta, gato ou um peixe, algo simples, mas que permita que a criança veja o resultado direto de seus cuidados, que a faça sentir orgulho. Um girassol é sempre uma boa escolha de planta. Ela cresce rápido, em qualquer solo, permite a criança acompanhar o movimento do sol. Elas podem com 8,9 anos ficar responsáveis por arrumar a mesa do jantar. E, se um pouco mais velhas, podem lavar a louça.

4- Não socorrer o tempo todo

Os pais devem suprir as necessidades dos filhos, mas não significa fazer todas as coisas e vontades e nem socorrer os pequenos o tempo todo. Se esquecerem de levar para a escola suas lições de casa, deixe-os que assumam a consequências pelo esquecimento. A professora saberá como agir. Sair correndo para levar a lição na escola, os fará ter a sensação de que “tudo bem” não se lembrar de seus deveres.  Se os pais sempre estiverem “arrumando” as coisas para as crianças, quando forem adolescente não darão conta de responsabilidades maiores. Mas ao deixá-los assumirem consequências de seus atos, serão, sem dúvida, adultos responsáveis por suas próprias ações e obrigações.

5- Uma tarefa todos os dias 

Dar as crianças pequenas tarefas para realizar todas as manhãs tais como fazer sua cama é algo bem bacana para estimular autonomia. Mesmo que a cama não fique bem arrumadinha, essa tarefa permite que lide melhor com o erro, e a frustração. Pequenos desafios na infância, permitem que na adolescência que os grandes desafios e conflitos sejam suportáveis.

6 – Cuidar de si mesmo

A partir dos 4 anos, a criança já pode desenvolver habilidades de cuidado pessoal. Os pais podem permitir de forma gradativa que a criança cuide de si mesmas quanto às questões de higiene, por exemplo. Claro que uma supervisão é sempre muito bem- vinda. Além disso, as crianças podem: pentear os cabelos, passar hidratantes no corpo, escolher roupas (ofereça-lhes duas opções para que não se sintam ansiosos), arrumar a mala da escola e guardar os sapatos ao chegar da escola. Quando os pais permitem que os filhos sejam autônomos em pequenas coisas, eles ensinam responsabilidades.

 

Esse texto contou com a colaboração da parceira do blog, Mônica Pessanha, que é psicoterapeuta de crianças e adolescentes, mãe da Mel, uma menina que adora desenhar, mantenedora das Brincadeiras Afetivas (Oficina terapêutica entre mães e filhos(as) – www.facebook.com/brincadeirasafetivas
Atende no Morumbi – SP – monicatpessanha@hotmail.com / (11)965126887 e (11)37215430 – Orientação e aconselhamento para pais por Skype.

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