Mãe da Laura e da recém-nascida Julia, hoje recebemos para uma entrevista no blog uma convidada super especial, a cantora e blogueira Mariana Belém. A Mari compartilha experiências e dicas valiosas de maternidade no blog Mamãe de Primeira Viagem, que adoramos!
Na entrevista, ela contou tudo sobre a experiência de ter tido uma cesárea na primeira gravidez e um parto normal na segunda, as diferenças das duas filhas, amamentação, os desafios da maternidade e muito mais!
Adoramos o papo Mari!! A entrevista está demais! Esperamos que vocês gostem! ;-)
Como está sendo a experiência de ser mãe de segunda viagem?
Para todos que me perguntam se agora meu blog será Mamãe de Segunda Viagem eu respondo: eu continuo sendo mãe de primeira viagem pois é tudo novo com duas e um bebê nunca é igual a outro.
Julia é uma recém nascida totalmente diferente da Laura. Por exemplo, Julia teve cólicas, gases e Laura nunca teve nada. Daí junta as noites mal dormidas, as oscilações hormonais, o cansaço e os cuidados com a mais velha… Ou seja, PANDEMÔNIO! hahaha Mas tudo vale a pena e a vantagem no segundo é que você tem certeza que VAI PASSAR e vai dar tudo certo (UFA hahaha)
O seu primeiro parto foi cesárea e na segunda gravidez você comemorou muito por ter conseguido um parto normal. Conta um pouco pra gente dessa experiência.
Eu sempre quis ter parto normal e, quando estava grávida da Laura pensei que seria assim, como eu sempre desejei. Infelizmente, eu caí no conto da cesárea desnecessária quando a bolsa rompeu justo no réveillon. Veja, eu não levanto a bandeira do parto ideal, não sou daquelas que vai julgar a maternidade pelo parto. Principalmente depois que tomei minhas pedradas agressivas e desnecessárias – mais desnecessárias que a própria cesárea – quando contei toda emocionada sobre meu parto no blog, 4 anos atrás.
Eu levanto a bandeira pelo RESPEITO DA VONTADE DA MULHER e a minha vontade não foi respeitada, Minha bolsa rompeu às 0h40, cheguei ao hospital 1h da manhã e Laura nasceu 2h34 depois de ouvirmos “pra que esperar? Vai que ela entra em sofrimento…” Dois pais ansiosos, sem muita informação, ouvem isso do médico que acompanhou toda a gestação e sabia da minha vontade… Acreditamos, né? Fui entender quando engravidei da Julia que eu não tinha nem entrado em trabalho de parto com a Laura, não tive nem tempo para isso. Mudei de médica, de hospital, tudo. Fiz exercícios específicos, me informei. Quando cheguei ao hospital na noite anterior ao nascimento da Julia, com contrações, meu quadro não era favorável para o parto normal. Eu pedi para dormir no hospital e ser monitorada. Durante a madrugada o quadro começou a mudar. 8 horas de trabalho de parto depois, realizei meu sonho pelo parto normal e foi mais do que eu sonhava. A minha vontade foi respeitada e nosso momento de família foi inesquecível. Não só pelo parto ter sido normal, mas pela maneira como ele foi conduzido.
Como está sendo a amamentação? Tem algumas dicas do que te ajuda nessa fase?
Outra informação que me faltou no nascimento da Laura foi quanto à amamentação. Logo na maternidade já ganhei o tal do bico de silicone, sem que falassem com meu médico. Deram complemento antes que eu autorizasse, cada enfermeira que entrava dava uma dica diferente sobre a pega e etc. Laura largou o peito com 3 meses e meio e sempre tomou complemento. Dessa vez, uma anja que estava no meu Parto, Mirian Leal, me deu toda assessoria na amamentação ainda no hospital, me ajudou a otimizar a mamada, me ensinou a usar a bomba…
Divido tudo em vídeos no canal de YouTube para poder levar para mais pessoas o que tanto me ajudou. Julia só tomou complemento – e no copo – enquanto meu leite não descia e até agora está apenas no leite materno. Como eu fiz redução de mama, pode ser que não sejam muitos meses, mas já está sendo muito melhor do que com a Laura. O fato da Julia ter nascido – e ser – muito grande, é capaz que o meu leite não dê conta. Mas enquanto der, estarei aqui dedicada à isso. Tenho muitas dicas lá no canal do YouTube, mas a que eu quero frisar é: como em tudo com seu bebê: tenha paciência. Paciência nos momentos iniciais (que doem), paciência para achar a posição que o bebê prefere, que seja melhor para você, paciência para encontrar o ritmo… Paciência. Vocês estão se conhecendo ainda<3
Como a Laura está lindando com a chegada da Julia? Ela ficou com ciúmes ou está lidando bem com a chegada da irmãzinha?
Laura está me surpreendendo muito. Ela quer cuidar da irmã, nina a irmã no bercinho balanço, canta pra ela… Demonstrou mais ciúmes da irmã com os outros (“eu sou a mana mais velha, eu que cuido!” brava) do que da gente com ela. Apenas umas 2 vezes ela falou recentemente que eu só ficava com a Julia no colo. Eu expliquei que a Julia não sabe andar ainda e depende do colo para ir de um lugar para o outro, que depende do leite da mamãe e que isso é uma fase. Ela parece entender, mas é compreensível que tenha, depois de 4 anos sendo a única, momentos assim novamente no futuro. Não só a gente procura incluir a Laura nas atividades da Julia (ela escolhe roupa, ajuda na troca, ajuda a passar o sabonete no banho…), todos os fins de semana eu tenho algumas horas só com ela e acho que isso ajudou também.
Tem algo que você fez na gravidez da Laura que pensa em fazer diferente com a Julia?
Eu pensava em engordar menos durante a gestação mas NÃO ROLOU hahaha Agora que nasceu, eu procuro respirar mais, não ficar no desespero quando a Julia chora e etc. Estou comprovando que o segundo filho deveria vir antes do primeiro, viu? hahaha
O que te motivou a começar a escrever o blog? O que é mais legal nessa vida de blogueira de maternidade?
2010 foi um ano muito difícil para mim. Perdi meu irmão de 18 anos atropelado (Rafael, filho da atriz Cissa Guimarães e do meu pai, Raul Mascarenhas) e perdi minha avó materna 2 meses depois. A fé foi o que me segurou, que me deu forças, junto ao amor da minha família e carinho de desconhecidos (por meio do twitter, por exemplo). Daí engravidei e pensei: finalmente essa alegria para minha família, para aliviar tudo que estamos sentindo e trazer amor e felicidade! Daí perdi o bebê…
Eu não aguentava mais o olhar de pena das pessoas para mim por conta da perda do meu irmão e avó, então me fechei, não abri mais essa perda publicamente. Eu me sentia a única pessoa do mundo incapaz de gerar, me senti só, mesmo cercada do amor da minha família e poucos amigos que souberam na época. Mas foi justamente quando eu passei a falar disso com pessoas próximas que vi a importância de dividir mais essa perda: o aborto espontâneo é muito mais comum do que se pensa e atinge mais de 20% das mulheres. Era só eu falar que tinha perdido, que ouvia imediatamente:”eu também perdi”. “eu perdi dois”, “minha amiga perdeu” e por aí vai.
Quando engravidei da Laura e passei das famosas 12 semanas, decidi que faria dessa experiência dolorosa algo que pudesse ajudar outras pessoas. Sugeri ao Alvaro Leme, na época editor da Veja SP, e ele amou a ideia. Vi que a minha dor podia ajudar outros e que o fato de eu ter engravidado de novo poderia levar esperança, perseverança. Vi ali uma espécie de missão: acolher outras pessoas como me senti acolhida ao abrir meu coração. E vi que quanto mais eu dividia situações reais, mais pessoas se sentiam parte de algo, se identificavam. Falar sobre bullying materno, sobre as alterações hormonais, sobre a realidade da maternidade (seja com franqueza mais dura, como com humor – que é mais meu perfil), sobre minha luta para engravidar de novo com diagnóstico de Ovário Poli Cístico, sobre ter conseguido realizar meu sonho do parto normal após uma cesárea desnecessária, sem julgar mães que querem coisas diferentes de mim, levando informação: abracei tanta gente e assim me realizo a cada dia. Me sinto feliz. Feliz e realizada pessoal e profissionalmente.
O mais legal? Poder aprender com outras mães, ouvir relatos, dicas, dar risada com a falta de glamour da maternidade ouvindo outros pais… A blogosfera materna é muito divertida e muito generosa. Há sempre algo para aprender e eventos para se divertir. Eu amo MESMO que esse tenha se tornado meu caminho profissional.
Qual é o maior desafio da maternidade?
Acredito que cada fase tenha seu desafio. Os primeiros meses lidando com cansaço, conhecendo seu bebê, com a instabilidade emocional. Depois a introdução alimentar, o desfralde, largar o dedo (ou chupeta)… E todas as fases terão desafios (socorro, a adolescência nem chegou e já estou com medo hahah). Mas acho que o desafio maior está em todas elas: EDUCAR. Criar um ser humano com valores, respeitando o próximo, educado, com limites (e com a culpa nos rodeando a cada passo desse caminho hahaha)
Pretende ter mais filhos?
Olha, eu sempre quis ter 3 filhos, mas a Laura não tinha tido cólicas e a Julia teve dias de choro quase o dia todo. Eu meio que desisti hahaha Se Deus mandar, será muito bem vindo, mas acho que paramos, viu? Paramos a vida agora e não sei se vai rolar parar tudo de novo, voltar à essa rotina de novo daqui a uns anos. ACHO que fechamos a fábrica sim :)
Ser mãe é….
Viver todos os melhores clichés desse mundo e ter seu coração batendo fora do corpo. É o melhor e maior amor que já pensei sentir. É agradecer até pelos dias difíceis e ter saudade delas enquanto elas dormem no quarto ao lado.