O nosso convidado especial de hoje é o Márcio, mais conhecido pelo divertido IG @agoraehcomopapai. Depois de ser “surpreendido” com um licença paternidade maior e assumido integralmente os cuidados com seu filho, ele contou o que descobriu, os desafios que passou e a importância dessa conexão com o bebê nos primeiros meses.
“Cuidar de um bebê não é tão trabalhoso quanto ir para o escritório e trabalhar por 8, 9, 10 horas seguidas… é muito, mas muito mais trabalhoso!”, desabafa Marcio. Leiam e vejam tudo que mudou na vida dele. Por mais licenças paternidade ampliadas!
Quando a Thati estava grávida de 6 meses, a empresa mandou um comunicado global dizendo que a licença paternidade (que já era de 20 dias aqui no Brasil, bem melhor que os 5 dias corridos a que tive direito quando o Pedro nasceu) seria de 12 semanas!
Trabalho em uma empresa gigante de turismo online americana, que sempre ofereceu uns benefícios diferenciados (e que eu amo!), mas não estava preparado pra isso. Inclusive, nem sabia o que fazer com isso.
O primeiro passo foi decidir quando eu tiraria essa licença. Decidimos então que eu ficaria 3 semanas após o parto pra estar junto naquela fase desesperadora que é quando você chega em casa com um bebê sem saber como as coisas funcionam, e as 9 semanas seguintes eu tiraria quando minha esposa voltasse ao trabalho, com uma semana juntos pra “passar o bastão”.
Pois bem, aqui estou eu quase no final desse segundo período (o que quer dizer que sobrevivi! E o Vicente também!). Fiz até um instagram só pra compartilhar os desafios (e desesperos) desse período: o @agoraehcomopapai.
Mas o que isso mudou na minha vida? Muita coisa! Vou começar listando e juro que vou focar só nos mais importantes, porque eu conseguiria escrever um livro sobre cada ponto desse.
– Cuidar de um bebê não é tão trabalhoso quanto ir para o escritório e trabalhar por 8, 9, 10 horas seguidas… é muito, mas muito mais trabalhoso! É como ter um chefe com humor variável, que te acorda pra uma reunião as 3 da manhã, grita em uma língua que você não entende e chora pedindo pra você resolver alguma coisa, mas que você não faz ideia do que seja.
– Cuidar de um bebê + cuidar de uma casa é tarefa pra super-herói (geralmente, pra super-heroínas). Eu não tinha ideia de quanto tempo você consegue gastar do seu dia lavando roupa, botando pra secar, dando um jeito na louça, arrumando sala, quartos, etc…
– O mundo não é feito para homens com bebês! Achar um trocador em um banheiro masculino é como ganhar na loteria. Diversas vezes eu tive que “interditar” um banheiro feminino para poder trocar a fralda do Vicente (ok, já fui trocar ele sem tanta necessidade só pra dar aquela constrangida no estabelecimento… hehe).
– Na cabeça do homem, mesmo que não admitindo, os cuidados com o bebê vem primeiramente da mãe. Não estou falando de amamentação, mas de tudo. Trocar fralda, dar banho, acalmar quando chora, etc. Não é questão de se negar a fazer, mas sim de tomar a iniciativa de fazer antes que a mãe o faça. E sinceramente, não há nenhum desses itens que o pai também não possa fazer.
– As mulheres são fodas! Cara, se é difícil pra um homem lidar um recém-nascido, imagina para uma mulher que passou por um processo de gravidez, parto, alteração hormonal, baby blues (homens como eu que não sabiam o que era isso, pesquisem), recebendo pitacos de todo mundo sobre maternidade. Homens certamente arregariam!
Resumindo, acho que todo homem deveria passar por essa experiência de cuidar sozinho de um bebê por um tempo.
E não é só pra valorizar o trabalho da mulher não, é pra criar uma conexão amorosa de forma mais rápida e direta com seu filho. O bebê não é filho só da mãe. Tem que estar perto, alimentar, cuidar, dar colo, banho, limpar sujeira.
Por mais homens andando com bebê no canguru por aí! Ah, e por mais trocadores em banheiros masculinos também!
Muito legal este período que você passou, tenho certeza que sua visão de maternidade/paternidade nunca mais serão as mesmas.