Educação dos Pequenos, Mamães & Papais

Lá vem as birras: Como lidar com esse momento do seu filho?

Imaginem a cena: você está empurrando o seu filho em um balanço no parque e já é hora de ir para casa jantar. Mas ao tentar pegar seu pequeno ele começa a gritar, chutar, espernear, deitar no chão… ufa! Lá vem a birra! Porque, é claro, ele quer ficar mais um pouco.

E agora? Como lidar com essa situação que sempre falamos que nossos filhos não iriam fazer? Segundo a nossa parceira e psicoterapeuta de crianças, Mônica Pessanha, momentos de birras não devem ser considerados ruins, nessas horas as crianças estão se posicionando, e isso é bom!

Vejam que interessante o texto e as dicas que ela nos contou para ajudar a confortar os pequenos e os pais nesses momentos de birra.

Baby crying

A birra é uma forma do seu filho protestar! Ela sempre acontece porque a criança não realizou o seu desejo. Esse “protesto” é uma forma de o bebê ou da criança se posicionar diante da frustração, sempre que houver uma interferência do adulto em relação ao desejo dela. Essa frustração vem acompanhada de raiva. Por isso o choro, o grito, a mordida estão sempre nesse contexto e, muito frequentemente, quase surgem do nada. Mas isso não é de tudo ruim, porque se posicionar frente às dificuldades que enfrentamos faz parte de nosso desenvolvimento cognitivo e emocional. Em essência, o conflito na relação pai/mãe/filho torna-se importante para a construção da personalidade. Se posicionando desde bebê, a criança aprende a lidar com nãos e a esperar. Quando ela estiver no jardim de infância provavelmente vai lidar melhor com a disputa de um brinquedo; saberá ceder ou brigar por ele.

Posicionando-se através da birra a criança se comunica com o adulto através de seu corpo. Esse comportamento tende a acontecer dos 0 aos 3 anos de idade. Nessa fase do desenvolvimento, a criança tem palavras, mas não consegue usá-las para se expressar como uma criança de 7 anos já o fazem. Então respire fundo, vai passar!

Por muito tempo as birras foram vistas de forma muito negativa. Era considerada apenas uma jogo de manipulação para as crianças conseguirem o que querem. Por isso, é importante lembrar nos momentos de birras que elas estão se posicionando, e isso é bom.

Como mães e pais o que precisamos entender é que a forma de agir vai variar de acordo com a idade e a situação. E a forma como lidamos com a birra é o ponto mais essencial de tudo. É comum no momento em que a birra acontece a mãe sentir receio. Essa sensação é provocada muitas vezes pelo medo que a mãe sente de ser julgada por quem estiver por perto vendo a cena achar que a criança tenha um problema e a mãe não conseguir agir adequadamente no momento da birra e acalmar a criança. Essa sensação afasta a mãe da criança e paralisa a ação. A primeira coisa a fazer nesse caso é acalmar o próprio medo, respirar fundo e lembrar que a birra é um processo e vai passar.

O trabalho dos pais é confortar a criança e ajudá-la a superar suas frustrações e mostrar que há consequências para o comportamento inadequado, nas crianças mais crescidinhas. Se for um bebê, a mãe pode pegar essa criança no colo, acolher com carinho e no momento do acolhimento, conversar com ela falando coisas como: “a mamãe sabe que você queria mexer no vaso sobre a mesa , mas chorar não vai resolver isso”. Agindo com calma e segurança, a mãe ajuda a criança construir confiança em seus pais. E a confiança é a pedra angular da sensação de segurança no mundo. Quando o bebê chora e simplesmente damos às costas, a birra tende a se prolongar, trazendo também sentimento de medo no bebê.

Lembre-se de que a falta da presença dos pais não traz um norte ou um caminho diferente na hora de se posicionar. A falta não ensina.

Defina um limite. É importante ensinar a criança que morder, chutar são atitudes desagradáveis que se referem à violência e que isso não é uma forma aceitável de se expressar. Nessa primeira fase do desenvolvimento, a criança vai estar em um posição de compreender, que quando ultrapassado o limite haverá uma consequência. Ela pode perceber que a mãe não está feliz com ela, até porque quando ficamos bravas ou descontentes nossa expressão facial muda e a criança vai começa a se conter, porque ela quer a aprovação e amor.

Reconhecer o desejo do filho é a melhor maneira de lidar com uma birra.

Podemos ajudar a criança a TRANSFORMAR a birra em palavras (para as crianças mais crescidinhas). Por exemplo, se o seu bebê de 18 meses de idade, está gritando porque você se recusou a dar um bolinho, diga-lhe: “Eu posso ver que você realmente quer um bolinho.” Uma vez que identifica esse desejo a criança começa a se acalmar para ouvir a solução para sua frustração e a medida que que vai amadurecendo ele terá menos necessidade de protestar, e saberá se posicionar.

Ainda nesse exemplo, podemos dar ao filho uma razão para a sua recusa dizendo: “É quase hora do jantar. Vamos todos jantar e depois comemos o bolinho. Acha que pode me ajudar a por a mesa?” Veja que após a explicação veio uma sugestão de ação. Isso ajuda a tirar o foco do desejo inicial pelo bolinho.

Encontre uma solução alternativa sempre que possível.

Assim a criança vai começar a construir a ideia de que há outros caminhos para atingir o que deseja. Quando os pais se posicionam com firmeza, clareza e segurança, a criança compreende melhor seus limites. Esse processo é contínuo e não pára nunca, nem quando eles ficam adolescentes. Sempre teremos que estar lá para ajudá-los a se posicionar e a compreender os nãos .

Dicas para gerenciar o comportamento da criança:

• Use uma resposta firme, mas rápido e suave. Em seguida, é preciso removê-los temporariamente da situação ou afastá-lo do estímulo. Pode levar algum tempo para as crianças compreenderem que o que eles estão fazendo não é permitido.

• Considere os gatilhos. Às vezes as crianças vão agir agressivamente, porque eles estão entediados ou buscam atenção. Se os pais são capazes de reconhecer isso, eles poderão se antecipar e promover na criança um bem-estar, oferecendo uma brincadeira ou um carinho.

• Use o reforço positivo. Sempre elogie o bom comportamento da criança, porque quando ela conseguir se posicionar ela estará demonstrando o quanto amadureceu e percebeu que a birra não tem a função da conquista nem é a melhor maneira de se comunicar. Nesse processo aprendido vale a pena lançar mão dos beijinhos, dos bilhetinhos carinhosos ou desenhos para evidenciar o amadurecimento.

• Use palavras sentimento. Ao atribuir palavras aos sentimentos de seu filho ou estados emotivos, eles acabarão por aprender a identificar o que estão sentindo. Isso pode levar um longo tempo, especialmente se a criança é muito pequena, mas ao longo do tempo a criança será capaz de usar essas palavras para descrever e assumir o controle de seus próprios sentimentos, sem recorrer a acessos de raiva ou violência.

• Seja consistente. É importante não ceder a tudo o que o seu filho quando se desencadeia a birra. Se a mãe ceder a tudo, a criança entenderá que fazer birra é a forma de se conseguir as coisas. Esse processo vai ficando cada vez complexo e os pais, de mãos atadas. É importante que a criança perceba que a birra não vem acompanhada da conquista do que ela queria. Pedir que ela se acalme não significa ceder ao que ela deseja. Se for necessário, aplique uma sanção para que ela compreenda que há outras maneiras de se conseguir o que quer. Como por exemplo: “já que você não se acalma, nós vamos embora do parque (aqui houve a aplicação da sanção-consequências).

O que não fazer:

Os pais nunca devem morder, beliscar ou puxar seu filho pelo cabelo apenas para mostrar-lhes o quanto dói. Ainda que tenham apenas a intenção de fazer com que a criança entenda os sentimentos que desperta nos pais com as birras. Independentemente da intenção dos pais, esta é realmente uma forma de abuso infantil. Nesse caso, se a criança se contém não é porque aprendeu, mas porque sentiu medo.

Aprender a se posicionar é um processo contínuo de grande valor que é aprendido também através do acolhimento e acolher é ver, perceber, aconchegar, acalentar, trazer alegrias, aconselhar e mostrar caminhos.

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Mônica Pessanha é psicoterapeuta de crianças e adolescentes, mãe da Mel, uma menina que adora desenhar, mantenedora das Brincadeiras Afetivas (Oficina terapêutica entre mães e filhos(as) – www.facebook.com/brincadeirasafetivas
Atende no Morumbi – SP – monicatpessanha@hotmail.com / (11)965126887 e (11)37215430 – Orientação e aconselhamento para pais por Skype.

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